Ruas de Estrasburgo

Aproveitando a viagem, Alexsander escuta as palavras de Monte-Cristo, rebatendo-as:

'- Loki parece ser tão misterioso quanto ele é belo... talvez até mais. A Aliança com des loup-garou é apenas um demonstrativo disso... Além das três Rosas, creio que o clã Tremere também é um forte aliado do Príncipe, ou não teria os feiticeiros em alguns cargos importantes do primeiro escalão da Corte... mas, me diga, mon cher, existe mais alguma Rosa abandonada nesse jardim maltratado ou somos só eu e você os felizardos?'

Alexsander se perguntava que mistérios Loki escondia e se tudo aquilo tinha a ver com o que ele havia visto. O altar rubro voltava a sua mente como um presságio e ele só conseguia imaginar todas as possibilidades.

O cambalear do carro aturarem a Malkaviana que, por breves instantes, se perdia em pensamentos.

'- CUIDADO!' - uma voz parecia gritar em sua mente enquanto ela se reteza para se proteger de um provável impacto que, felizmente é evitado pela perícia do motorista.

Drusilla rapidamente se vira para Agatha para ver se estava tudo bem com ela, mas as palavras da feiticeira tocam como um sino na mente da lunática quando esta avista o belo estranho ao longe...

'- O sol não deve brilhar à meia noite.' - Murmura a jovem para a sua amada enquanto aguça seus olhos de maneira peculiar na direção do portador do escudo mas, para a sua surpresa... nada. A mente daquela criatura era impenetrável.

A Malkaviana engole seco enquanto dirige o olhar para sua amada e fala séria e com leves tons de preocupação ao seu ouvido:

'- A mente dele está fechada.'

E como dantes anunciado, o Sol brilha após a meia noite. Os raios solares invadiam o carro queimando a pele da cainita que grita em dor, mas resiste ao impulso de fugir... não poderia abandonar a sua amada. Não naquele momento.

Usando de suas forças, Drusilla busca refúgio nos recôncavo de sua loucura e, neste momento, como se sua própria besta sentisse a dor da Malkaviana um urro enlouquecedor é vociferado pela filha da lua... mas, aparentemente, para acessar à besta, Drusilla acabou indo fundo demais em sua própria loucura e, ao encarar seus demônios, é tomada por eles que, confrontados pela luz solar correm em desespero para buscar o refúgio da escuridão.

Sem qualquer controle de si, a lunática em ímpeto de sobrevivência, abre a porta do carro sem com nada se importar e corre desesperadamente por sua vida...

A Feiticeira escuta as palavras proféticas de sua amada e concorda mentalmente:

*Não, o sol não pode brilhar a meia noite.*

E fica ainda alarmada quando ela anuncia que a mente do estranho está bloqueada. 

Em seguida o pior acontece. Arremessando seu estranho escudo para cima o objeto obviamente místico começa a girar e emitr uma luz com a do próprio sol. Colocando a mão sobre os olhos a Tremere sente pela primeira vez em séculos o toque do astro rei sobre sua pele e a dor absurda que isso causa. Pequenas chamas surgem pelo seu corpo enquanto Agatha grita pavorosamente de dor. 

O Primeiro instinto que a besta dentro de si impõe sobre a vampira é de fugir para um lugar seguro e longe do sol e das chamas e nesse momento ela percebe que Drusilla sucumbiu ao medo primal e seria uma presa fácil para os lobos. Mas Agatha pertencia ao Clã Tremere e sua força mental já fora posta a prova muitas vezes. Racionalmente a Feiticeira sabe que não será capaz de fugir dos malditos  e usando seus poderes espirituais ela invoca um feitiço para ver através do véu do mundo material e imaterial:


"- Ostende mihi in tenebris oculis spirituum."

Agatha queria encontrar qualquer espírito que ela pudesse pedir ajuda, não importasse o preço, para se livrar daqueles garous. Mas tudo que ela vê são várias águias e um enorme falcão ao redor daquele que trouxe o sol e a feiticeira se põe a esperar resignada por sua morte enquanto deseja que pelo menos sua amada escape e traga uma chuva de sangue, dor e vingança contra todos os lobos. 

*Pardon ma cherie... Mate todos os malditos lobos.*

As informações que Monte-Cristo passa são preciosíssimas e Alexsander não duvidava de que pudessem ser verdade. Conluio com divindades? Aquilo parecia interessante. Rivalidade entre Matusaléns? As coisas estavam realmente esquentando por ali! O irmão de clã também dá uma leve explicada sobre a situação das Cortes nas três grandes e emergentes cidades da Europa. Era interessante entender a relação de Bruxelas, Luxemburgo e Estrasburgo e aquilo fazia o visionário martelar teorias em sua mente.

A situação 'especial' das Rosas naquela cidade não deveria ser mero acaso, como bem destacava Monte-Cristo. Algo, de fato, ocorria ali. Alexsander anota mentalmente o nome de Jéssica, afinal poderia ser uma aliada dependendo da situação. Entretanto, ele destaca para si mesmo que aquela poderia ser uma relação arriscada. O que eles poderiam ter para oferecer a Jéssica que o trio poderoso das Rosas não poderia também oferecer? Era algo a se pensar numa suposta necessidade.

Pensamento esse que deveria ficar para depois.

'- Mon Dieu, o que está acontecendo?'

Monte-Cristo acelera na direção do que parecia ser o prenúncio do amanhecer. Alexsander até olha para seu relógio, atestando a impossibilidade de ser possível aquilo ser natural. De olhos atentos, ele apenas comenta:

'- Cautela, mon cher... precisamos averiguar o que realmente esta acontecendo antes de agir... não podemos perder o elemento surpresa caso seja necessário uma ação mais eficaz, ainda mais sem saber o que caralhos estão fazendo... Merde! Que tipo de coisa é essa que traz o sol antes do amanhecer?'

Era quase impossível aperceber-se sobre o que estava ocorrendo ali devido a luminosidade no horizonte. Essa aumentava a medida que o carro se aproximava. Era medonho demais.

Agatha gritava em agonia enquanto lágrimas de sangue escorriam por sua carne deformada e chamuscada. 

A Feiticeira mais parecia um zumbi que morreu queimado com pedaços de sua musculatura ossos aparecendo. A Tremere sentia uma dor insuportável como jamais sentiu antes em toda sua existência, havia chegado muito perto de sua morte final mas esse havia sido o maior erro dos lobisomens. 

Antes motivada pela recompensa, agora a Feiticeira estava motivada pelo ódio e pela vingança e não pararia até matar todos os malditos lobisomens. 

*Eu não descansarei até destruir esses malditos vira-latas. Eles realmente deveriam ter me destruído e eu passarei o resto da eternidade garantindo que todos eles se arrependam.*

Reunindo todas as forças que consegue, ela pega o seu celular e liga para sua irmã de clã Kathryn Svarog e reza para todas as forças das trevas que ela atenda logo.

Ele mesmo não iria se opor a lógica do irmão de clã. De fato, se la Masque estava realmente sendo usando de papel higiênico no meio das ruas da cidade, eles precisavam agir. E o mais rápido possível. Entretanto, antes que pudessem andar o primeiro quilômetro o carro empaca em algo. Alexsander segura-se no apoio enquanto o carro descontroladamente rumava para outra direção, parando graças as habilidades condutivas do outro Toreador.

'- Magnifique, mon cher!'

Havia um corpo parado, estatelado no chão.

'- Acho que abatemos alg...'

Alexsander interrompe sua fala, arregalando os olhos ao analisar melhor a silhueta que estava ao chão. As vestes, a tonalidade e cumprimento do cabelo. Tudo ali lhe era recentemente reconhecível. Era...

'- Drusilla... Monsieur, c'est Drusilla D'vneau, recém-chegada do clã Malkavian...'

Parecia que o destino providencialmente garantia que a dupla de Rosas rejeitadas encontrasse com a consorte da feiticeira bem ali. Entretanto, algo imediatamente invade a mente do ancillae. As duas saíram acompanhadas do local, o que indicava que Agatha ou estava ali...

'-... ou morta?' - ele olha para Monte-Cristo e fala, enquanto abria a porta do carro. '- Mon cher, precisamos encontrar a mademoiselle de Belfour... ou o que pode ter sobrado dela depois da merde que aconteceu aqui... as duas estavam juntas, deve ter ocorrido algo... me dê cobertura, caso veja algo, s'il vous plaît...'

Ele se retira do carro, indo em direção ao corpo. Alexsander tentava ser cauteloso, olhando para todos os lados a fim de notar qualquer tipo de aproximação diferente. Ele repuxava os cabelos longos freneticamente, parecia que iria arrancá-los a qualquer momento, enrolando as mechas em seu dedo indicador direito. Ele se agacha junto ao corpo, verificando se a mesma ainda estava "viva".

'- Mademoiselle D'vneau? É uma péssima hora para apresentações, mas sou Alexsander Duchamps, das Rosas... o que aconteceu? Consegue se levantar?... Onde está a mademoiselle de Belfour?'- ele falava de maneira cadenciada, oferecendo qualquer ajuda que a Malkaviana precisasse para levantar-se. Repentinamente, como se lembrasse de algo, complementa: '- Et Pardon, mademoiselle... Pardon! Estávamos indo apressadamente na direção do maldito sol noturno para impedir maiores problemas...'

*Ainda bem que ela atendeu logo!*

A Feiticeira tenta reunir o máximo que consegue de suas forças e responde sua irmã de clã entre gemidos de agonia e com a voz fraca:

"- N-não! Eu e Drusilla fomos atacadas e qu-quase destruídas pelos malditos lobos. Um deles conjurou luz solar de alguma forma! Eu estou muito ferida e Drusilla foi tomada pela besta e fugiu. Por favor venha rápido, estava a caminho do Instituto de Parapsicologia. Na av. xxxxx. houve um acidente de carro e polícia não tarda a vir, tem um corpo aqui e eu sou um risco para máscara em minha atual situação..."


Agatha esperava uma breve resposta enquanto se concentrava apenas no seu ódio pelos lobisomens e e em manter a consciência devido a gravidade dos seus ferimento.

* Onde estou?... O que está acontecendo?... Tudo queima... Agatha... Agha..*

O impacto do carro parece retirar a influência da besta, mas, protelada no chão, sentindo o duro desconforto do asfalto tocar a sua face, Drusilla tentava fazer sentido de algo que tivesse acontecido.

Em sua mente a memória de luz, dor e loucura bailavam em uma sinfonia cacofonica. Não lembrava bem dos fatos, mas sabia em seu íntimo, que precisava sair dali e sentia que Agatha precisava de si.

Usando do poder do seu sangue, a Malkav recupera os menos graves de seus ferimentos e começa a se recompor. Ouvia vozes... sacos de sangue talvez, mas aturdida, ainda não havia se atentado para a cena.

Cambaleante, a cainita se levanta permitindo que seus olhos absorvessem a cena e, para a sua surpresa, duas rosas quedavam-se à sua frente.

Sem muito raciocinar e ainda trêmula, Dru olha para os dois e aponta na direção para onde havia sido atacada balbuciando:

'- Lo-Lobos... Agatha... ajudem.*


off: Drusilla gastou 2 pontos de sangue para se curar.

A Feiticeira escuta as palavras de sua irmã de clã e desliga o telefone guardando-o junto de si. Enquanto o resgate não chegava Agatha se limitava a se preocupar e torcer por Drusilla e a odiar os malditos pulguentos que a deixaram naquela situação.

A Malkaviana recobra consciência totalmente desnorteada, balbuciando palavras desconexas mas duramente importantes. Estava mais do que óbvio que haviam sido atacadas pelos chiens que a Corte caçava. Estaria Agatha ainda viva?

*Como diabos os loup-garous descobriram a identidade delas? Esses malditos conseguem farejar nossa carne morta, é isso? Ou eles conhecem nosso Elísio e a perseguiram de lá?*

Alexsander percebia que Monte-Cristo estava verdadeiramente irritado com a situação... talvez, agora, a ideia da cautela lhe parecesse mais aprazível. O fato era que a outra Rosa não marcharia rumo ao local do ataque... e Alexsander não poderia sair dali sem saber o que houve.

'- Eu vou...'

A Rosa olha para seu irmão de clã, sorrindo, como se tivesse acabado de dizer que ia ali comprar um sorvete de casquinha... e não que ia investigar o local de um possível assassinato orquestrado por cachorros raivosos.

'- ... Sim, eu irei lá'- ele reafirma sua escolha.

Diante de tudo que sabia, que ouvia, o visionário nunca poderia deixar para trás um dos pivôs de tudo. Agatha era importante para o entendimento de tudo, assim como a lunática a sua frente o era. Ele ouvia dentro de si. Vá! Vá! Vá!

'- Monsieur Monte-Cristo, a Máscara pode está correndo perigo, lembra-se? Se possible, você consegue levar a mademoiselle D'vneau até seu veículo... s'il vous plaît, demonstre a cordialidade das Rosas... eu voltarei com a feiticeira...'

Vá!

E assim, a Rosa inicia a partida em direção ao local que a filha de Malkavian havia indicado. Ele não sabia o que encontraria lá, mas não poderia sair dali sem saber da situação da Tremere. Ela era importante! Ele aguça seus sentidos, atento a qualquer tipo de aproximação que poderia ocorrer... fossem os lobos, fossem os mortais.

Ele olha para dupla que havia ficado para trás uma última vez, tomando toda sua atenção para o cenário que se avizinhava. Esperava que os sobressentidos de Auspícios lhe auxiliassem a antever qualquer tipo de perigo.


OFFGAME: Ativação do nível 1 de AUSPÍCIOS - Sentidos Aguçados.

Com sentidos melhor recobrados, Drusilla escuta o descaso de uma das Rosas e a boa vontade da outra. Ela apenas olha séria ao primeiro e responde:

'- Não devias falar do que não sabe. Não lhe cai bem.'

Vira-se então para Alexander e, séria, diz:

'- Obrigada, mon cher, mas eu vou com você.'

Por conta de seus ferimentos, Drusilla fica um pouco mais atrás, mas segue com Alexander rumo para onde estava Ágata.

A partida do irmão de clã lacera o coração de Alexsander... ele parecia ser uma criatura interessante. Com o carro partindo, eram apenas ele e Drusilla. A consorte de mme. de Belfour ainda estava debilitada, mas o acompanha até sua amada. No caminho, ele apenas comenta:

'- Perdoe os modos do monsieur Monte-Cristo, mademoiselle D'vneau... ele deve ter se apavorado ao escutar sobre os loup-garous...'

Com o juízo perfeito, Alexsander também teria partido junto com o irmão de clã. Entretanto, a mente perturbada do visionário ainda estava desajustada pelos últimos acontecimentos. E ele precisava averiguar a situação de Agatha. Aquilo poderia mudar todas as linhas do destino!

E ela estava lá!

*Por Arikel! Estamos de volta a Inquisição!? É isso?*

O estado de quase-morte da feiticeira lhe lembrava o estado post morts das bruxas queimadas nas fogueiras expiantes dos Inquisidores. Ficaria pior se tardassem demais ali e fossem banhados pela luminescência do verdadeiro soleil. Precisavam sair dali! 

'- Mme. de Belfour...'

Ele se anuncia, já sacando seu celular e apertando o número gravado na emergência. Era o número de celular de Jean-Paul, o carniçal responsável por toda sua segurança e a de seus negócios. Ele aguarda que o mesmo atenda, provavelmente despertando de seu sono. Enquanto isso, ele se aproximava mais da feiticeira. Ela estava horrenda! Ele esconde o asco, perguntando-lhe:

'- O sol da meia-noite lhe fez isso, ma chérie? Que tipo de cão sarnento consegue ter esse poder? Eu vou arranjar para nós alguma ajuda...'

Ele esperava alguma resposta da mesma. E esperava que Jean-Paul lhe atendesse.

A Feiticeira estava absorta em seu ódio pelos lobos e sua preocupação por Drusilla. Aguardava a chegada de Kathryn e sabia também que o sol, o verdadeiro sol, não tardaria em nascer. 

Se esforçando para manter a consciência a cainita escuta uma bela voz masculina chamando por seu nome.

*Será essa a voz da morte?*

Ao perceber melhor Agatha vê o Toreador avoado que conhecera mais cedo. Ele parecia ligar para alguém enquanto perguntava o que acontecia. A Tremere responde com dificuldade na fala:

"- Dru... A-aonde está Drusilla? Meu clã está vindo me resgatar." 

Agatha responde parcialmente ao Toreador. Parecia perturbada... tão perturbada que sequer havia percebido que Drusilla lhe acompanhava. Alexsander, ainda ao telefone, apenas abre espaço para que a feiticeira pudesse ver que sua copine acompanhava-o. Ele apenas comenta:

'- Drusilla está comigo, ma chèrie! Tivemos um pequeno percalço, mas ela está bem...'

*Não podemos dizer o mesmo de ti...*

'-... Bom saber que a Casa dos Feiticeiros vem ao seu auxílio. Há algo que possamos fazer enquanto isso?'

Ele mantinha o telefone ao ouvido, esperando ser atendido pelo carniçal. Apesar de não precisarem de uma equipe de salvamento, ele provavelmente precisaria ser levado, já que seu irmão de clã lhe fez o digníssimo favor de abandoná-lo.

Drusilla não prestava muita atenção às palavras de Alexander. Sua única preocupação era chegar até Agatha e vela viva.

Ao chegarem no veículo de outrora a Malkaviana observa em horror e ódio o corpo flagelado, mas ainda "vivo", de sua amada.

A Lunática se aproxima e, abrindo a porta, toca gentilmente a mão da Tremere dizendo:

'- Eles vão pagar, minha amada. Pelo sangue que verte da lua, eu lhe prometo que eles vão pagar. Ficarei com você até a chegada de seu clã. O verdadeiro sol não tarda a raiar.'

A Feiticeira estava prestes a responder ao Toreador quando avista Drusilla também ferida mais em melhor condição que a de Agatha. 

*Pelo menos ela está bem!*

O Primeiro olhar da Tremere é de ternura e gratidão ao perceber que sua amada estava "viva". A menção dos lobos o olhos de Agatha refletem o seu ódio e ela fala: 

"- Eu vou destruir todos os lobos que cruzarem o nosso caminho."