Manoir de Verre - Refúgio de Remí Lefebrve

Um pouco afastada, a mansão de vidro se ergue onipotente contra o céu de Luxemburgo.

Algo estava terrivelmente errado e o Toreador não fazia ideia do que poderia ser, mas sabia que algo horrivel estava prestes a acontecer tão logo eles cruzam o portão de sua propriedade. A primeira coisa que sente é a dor, uma que ele jamais conhecera, enquanto seus capilares começam a se romper subitamente... ele dobra-se sobre si, soltando um leve gemido, mas logo leva as mãos à boca quando sente uma golfada de vitae explodir dentro de si... mas era só o início, pois seus ouvidos começam a sangrar, de seu nariz escorre o precioso líquido carmim assim como de seus olhos e seu ânus. Não era apenas a dor que o aflingia, era o horror daquilo tudo sem nem saber o que acontecera. Iria morrer agora? Ele não saberia dizer, estava assustado ao ponto do apavoro enquanto sua mente fervilhava em busca de respostas.

- Meu Deus, a senhorita está bem? Vou leva-la para o hosp..


O motorista obviamente estava impressionado com a confusão sanguinária que ele se tornara, mas Remí não tinha tempo, paciência ou vontade para lidar com aquilo agora.

- NÃO OLHE PARA MIM!

O Toreador explode contra o pobre mortal, utilizando sua Presença para assusta-lo o suficiente para obedecer.

- ESTOU TENDO UMA OVERDOSE, SEU INUTIL COMEDOR DE CAPIM, VOCÊ NÃO PODE ME LEVAR AO HOSPITAL AGORA! ME DEIXE AQUI! Se eu souber de alguém que tenha sabido, por qualquer motivo que seja, de qualquer coisa que tenha acontecido hoje nesse taxi depois que você me buscou no hotel, eu irei matar você e toda a sua família até que a própria história esqueça que vocês existiram, você entendeu? Repita o que acontecerá caso alguém fique sabendo!

- se você fizer o que ordenei, não precisa temer pela sua vida. Agora vá...e esqueça que me conheceu! E lave esse carro!

Remi desce do taxi atordoado com tudo o que lhe acontecera...Mas tão logo deixa o taxi, ele adentra seu novo refúgio e a primeira coisa que vê é a si mesmo, em uma moldura caríssima, tomando toda a parede do hall de entrada. Uma das 3 boas recordações de seu Senhor... E se tinha algo capaz de fazer com que Remí se esquecesse de qualquer coisa, boa ou má, que lhe acontecia, era sua própria imagem.

O Toreador olha a pintura perfeita em fascínio, totalmente apaixonado por si mesmo e com a total consciência de que era muito difícil dizer qual das obras de arte lhe causava tal efeito, o quadro...ou a própria imagem. Ele toca a própria pele, a despeito da dor que sentira, de seu sangue que escorrera por cada buraco de seu corpo, imitando lentamente a pose que fizera naquele quadro, como quem tenta reviver um momento de prazer imenso afastando-se de um pesadelo, sorvendo de si como um recém nascido sorveria dos seios da mãe... os olhos do Toreador marejam sem que ele perceba, emocionado com aquela visão e todo o resto some de sua mente... o mundo era apenas ele, ele vivera e morrera por isso e finalmente podia dizer que era verdadeiramente feliz.

- Monsieur Lefebrve? Remí?!

A voz distante da carniçal o atinge depois de chamar algumas vezes. A alta e magra asiática estava parada próxima, perfeitamente vestida de forma profissional, segurando uma prancheta. Estava assustada. O Toreador respira fundo, mesmo sem precisar, e delicadamente limpa com a ponta dos dedos as lágrimas de seus olhos.

- Hana... que toque brilhante na decoração... você é genial. Obrigado. Presenteie-se em meu nome, por favor. Por honra ao mérito. Não poupe generosidade.

Falava de forma suave, soando mais grave que o normal, pois estava comovido e com a voz embargada pela emoção. E com algum pesar, afasta-se da entrada e da própria imagem, se dirigindo à belíssima japonesa enquanto ela falava com urgência na voz:

- Remí, o que houve? Você precisa de ajuda!

- Um revés, mon ange... um revés. Ainda não entendi o que houve, mas preciso me recompor primeiro... tenho trabalho para fazer. Preciso me alimentar e muito, mas deixe as reservas especiais para mais tarde. Estou aguardando visitas no final da noite... Cristoff você pode trazer diretamente até mim, caso mais alguém chegue, me chame, por favor.

E dizendo isso, segue com ela pela casa para tomar um banho e se alimentar de seu rebanho, não sem antes enviar duas SMSs...

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A primeira coisa que faz, após seu breve banho, é utilizar seu sangue para curar-se completamente... já estava mais calmo e isso o fazia pensar o que poderia ter acontecido. Ele repassa mentalmente tudo o que acontecera até então... Os lobisomens não teriam como ter atacado, teriam? Eles podiam caminhar entre dimensões, mas seria improvavel que conseguissem atingi-lo em um carro em movimento, isso se sequer soubessem -por mais que lhe doia aceitar- que Remí estava interessado em caça-los... não. Aquilo parecia algum tipo de feitiçaria. Já ouvira falar de horríveis rituais pagãos que causavam todo tipo de mau aos inimigos... estivera na moda quando em Paris, quando ele ainda era um jovem carniçal, trazido das ilhas habitadas por escravos africanos. Se os humanos tinham acesso à tais coisas, quem mais teria?

E o mais importante, por que?

O Toreador para em frente à um espelho, vestindo-se lentamente de preto enquanto acompanhava sua imagem e pensava quem poderia querer seu mal. Claro, Horazio era um maldito e Remí sabia que seu Senhor iria à qualquer extremo apenas para torturar sua própria cria... mas onde estaria a diversão daquele sádico se Remí morresse?

Não, não acreditava que era Horazio. Desta vez, pelo menos.

Os Tremere?

Estivera boa parte na companhia de feiticeiros, mas eles estavam do mesmo lado, não é? Remí se prontificara a ajudar o clã deles à buscar justiça... porque ele seria atacado justamente no meio do processo?

Não... os Feiticeiros eram espertos demais pra isso. Não foram eles.

Cristoff não atacaria seu companheiro....e se fosse fazê-lo, não seria à distância. Seria como homem e não como covarde... além disso, ele teria motivos? Ambição? Remí era um aliado valioso... capricho? Ele era capaz de satisfaze-lo melhor vivo.... ciúmes do Lasombra? O Brujah o conhecia melhor do que aquilo....

Não fora Cristoff.... restava o bendito Lasombra, mas aquilo só seria possível se ele tivesse resistido à Presença e ao sangue do Toreador. Teria Remí subestimado o Guardião? Ele não conhecia a extensão dos poderes dos membros do Sabá... Ele tinha motivos para querer Remí, mas para quere-lo morto precisava de mais do qu...

Havia o filho de Haquim.

O Toreador passa a mão suavemente onde ele havia sido segurado pelo Assamita no bar do hotel, juntando peças. Zantara parecia encantado pelo Lasombra a ponto de ignorar o Toreador, menos quando o assunto fora o próprio Noah. Ele estivera enciumado com a atenção que Remí recebia.... Remí já vira esse tipo de comportamento antes. Ele adorava causa-lo, o fizera esta mesma noite! Bastardo... a ironia daquilo o faria rir, se ele não estivesse disposto ao ódio. Seria um filho de Haquim capaz de causar este estrago...por causa de ciumes de um Lasombra?

Remí, tendo terminado de se arrumar, abandona o espelho e responde à mensagem de Cristoff e vai se alimentar de seu rebanho antes que sua visita chegasse...

Não importa quem tenha sido, cometera o erro de deixa-lo vivo. E Remí, diferente de seu Senhor, não torturava suas presas pelo prazer de ve-las sofrer. Ele as destruía.

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O Toreador se satisfaz, bebendo o sangue necessário para aplacar a fome que começara a sentir devido ao dano que sofrera. Gostava de seu sangue ainda morno e recém ordenhado da jugular de seu rebanho e mante-lo por perto era prático para as horas de aflição como aquela...

Remí ainda estava intrigado, já tinha um mundo de ideias do que fazer para vingar-se, mas teria que esperar a próxima noite para começar com seu plano... caminha pela casa recém decorada, aprovando o que a carniçal fizera ou pagara para fazer e eventualmente chega a seu ateliê, ainda pouco mais que um quarto branco, já preparado para começar a trabalhar seu retrato.

Enviado pelo Topic'it

O Toreador observa seu trabalho, o retrato de Pantaneiro* estava excelente. Mesmo sem saber o quão preciso estava, era um excelente desenho.... Sorte de seus irmãos de clã que ele não tinha intenção de aventurar-se em suas artes ou logo logo, com o devido treino, ele seria melhor do que todos eles. Como sempre.

Com o desenho finalizado e satisfeito consigo mesmo, Remí invoca sua carniçal e lhe passa as ordens que deveria dar ao restante de seus subordinados quando o dia amanhecesse.

Assim que termina de falar com Hana, Remi se retira para seus aposentos... mas assim que chega lá, ele vê que recenera uma mensagem de seu caro Lasombra. Ele pensa por alguns segundos, decidindo o que faria....e acaba por responder:

[I]SMS: Mon ange, fui atacado no caminho e quase não estaria mais aqui para lhe responder. Estou em meu refúgio, salvo, mas assustado por você. Você está bem? Conseguiu pegar quem o atacava? Precisa de um local seguro para passar o dia?