Trecho Luxemburgo - Bruxelas

Karl escuta a resposta da desconhecida e não consegue evitar uma ponta de raiva diante de sua incompetência em não estar devidamente precavido para um previsível ataque. Não existe tempo para lamentações e o cainita ao mesmo tempo em que percebe a movimentação das sombras, denunciando a natureza de sua oponente, faz o sangue percorrer seu corpo morto.

Em meio à tensão que toma conta do ambiente, Karl se sente na obrigação de dizer algo

"- Ninguém precisa morrer. Hoje não." - sentencia o brujah enquanto observa o vulto de dois homens do lado de fora da cabine.

Como nenhum dos dois acreditaria naquelas palavras, Karl foca sua atenção no movimento das sombras e em antecipar mentalmente o movimento de saque das duas facas que sempre trazia consigo no casaco. Ele só precisaria de uma breja, até agora improvável.

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Karl permanecia imóvel enquanto fitava a estranha lasombra que o ameaçava na cabine.

*Como ela sabe da carta de del Toro?* - Seria algo a se saber caso ele sobreviva àquela emboscada.

A tensão na cabine aumentava a medida que o silêncio tomava conta do ambiente. A única coisa que alterava a cena era a luz que entrava periodicamente pela janela conforme o trem seguia rumo à Bruxelas cruzando postes de luz espalhados pelo caminho. O alemão focava na estranha usando, as vezes, sua visão periférica para conferir a atitude dos dois homens no lado de fora da cabine. Definitivamente a situação não era das melhores. Espera que a estranha dê o primeiro passo, mas ela devolve a bola para o brujah que já estava ficando sufocado com aquela situação. Karl responde...

"- Cla..."

Talvez a luz vinda de fora do trem; talvez uma mudança na face de sua interlocutora; talvez algum barulho no corredor do trem; talvez a simples manifestação da besta que carrega consigo, o Brujah não termina a frase que não deveria nem ter começado. Karl quase instantaneamente saca duas facas que carregava consigo no casaco e golpeia a lasombra antes que suas sombras pudessem oferecer qualquer reação.

* Acabou!!!* - pensa Karl ao perceber o sucesso de sua investida.

Para sua surpresa a euforia rapidamente se transforma em espanto ao notar que a estranha sumira bem diante de seus olhos. Instintivamente o Brujah olha para fora onde não estão mais os dois estranhos e se posta defensivamente na cabine esperando o contra golpe que não chega. Uma eternidade se passa sem que ele esboce nenhuma reação.

"- Filha da puta!!!"

O brujah percorre a cabine com os olhos uma...duas...três...quatro...cinco vezes sem conseguir notar nada ameaçador a sua volta até que percebe, quando a adrenalina baixa um pouco, marcas de garras perto da janela da cabine. Ele cuidadosamente se aproxima para conferir melhor as marcas que agora se somavam a pelos de um pequeno animal.

"- Só pode ser brincadeira..."

O brujah guarda suas facas no casaco e pega os pelos na janela, friccionando entre seus dedos na expectativa de obter alguma informação a mais.

* Um rato!?!* - pensa o brujah - *Nosferatus?!?... Aquele feioso não faria isso*

Karl volta a se acomodar em sua poltrona. Ele teria muito o que pensar durante o resto da viagem.

 O próximo post de Karl Rot deve ser feito na Estação Bruxelas.