Os Esgotos de Bruxelas

Já nos Esgotos e ainda invisível, Zarinah fala, aparentemente consigo mesma:

-Monsieur L?

Tinha esperanças de que seu Primógeno estivesse próximo ou mesmo algum irmão de clã para poder ajudá-la a encontrar Gaston.

Percebendo que o rato estava tentando guiá-la, a Nosferatu deixa sua invisibilidade e toma sua verdadeira forma. Um monstro grotesco que trajava um vestido caro e uma bolsa de grife. A pele da Nosferatu era gosmenta e ela parecia muito um verme aquático das profundezas do oceano. Nada agradável de se ver.

-Me guie...pequena criatura.

E a Nosferatu segue o pequeno animal sem se importar onde teria que se enfiar, afinal era uma sobrevivente e dejetos não a impressionavam tanto quando a falta de humanidade em muitos mortais. Era claro que ela teria que tomar um banho para seguir ao Elísio, mas isso era um problema para o futuro.

Era impressão da Nosferatu ou aquele rato a estava levando de propósito pelos locais mais imundos daquele esgoto? Se sim, tinha certeza que ele não contava com a tranquilidade da Nosferatu para com toda aquela imundície. Seu vestido já poderia ser considerado, literalmente, uma merda. Não teria mais utilidade para qualquer encontro social.

Quando ouve uma música clássica, ela tenta identificar quem a tocava. Era fato que estava em uma das galerias mais profundas dos Esgotos. Sem se importar com a sujeira que agora quase fazia parte de seu corpo grotesco, gosmento e horrendo, Zarinah meneia a cabeça em tom cordial ao Primógeno Nosferatu que também estava em sua verdadeira forma. Antes de se aproximar de Gaston, ela não consegue deixar de perceber que o gosto do Escondido era fantástico.

Zarinah une suas mãos e suspira fundo com aquelas obras de artes. A poltrona era fantástica, as pinturas também, mas ela sabia que não seria qualquer um que as apreciaria como ela.

-Primógeno Leroux...que grata satisfação conhecê-lo pessoalmente.

E faz uma reverência aos modos de séculos passados.

-Humilde galeria? Fantástica na minha visão...cada peça, essa música e essa poltrona. Nunca conheci gosto mais refinado em toda minha não existência.

E finalmente vai se aproximando, devagar, ensaiando passos de danças leves e delicados, apreciando a música que tocava. Assim que chega muito próxima do Primógeno, refaz sua apresentação:

-Zarinah Schwartz ao seu inteiro dispor.

E desta vez a reverência era parecida com um pliê de balé.

Sorrir não era uma especialidade de Zarinah quando estava em sua verdadeira forma e se limita a fechar e abrir os olhos devagar em um tom amistoso. A barata mastigada e cuspida diverte um pouco a Nosferatu que começava a pensar em como seria seu refúgio nos Esgotos de Bruxelas.

-Vim exatamente por isso, Primógeno Leroux. Fortalecer nosso clã, sair do tédio do sul da Europa e busco conhecimento. Além, é claro, de vir prestigiar nosso príncipe de Bruxelas.

Suas palavras demonstravam que ela também buscava novas oportunidades na cidade, quem sabe crescer dentro do clã e da corte, mas isso sempre estava implícito para todo recém chegado, imaginava ela.

Ela caminha na direção das obras de arte grotescas e como se estivesse em um museu, as aprecia por alguns minutos antes de continuar falando:

-Essas obras...são de sua autoria, Primógeno Leroux?

E se vira para encarar Gaston.

-Esboços? mal posso esperar quando estas obras estiverem completas.

Gaston não a decepciona, entendendo perfeitamente o que estava nas entrelinhas.

-Tenho bom conhecimento de ocultismo e política. Falo francês, uolofe, inglês, alemão e espanhol. Possuo recursos razoáveis que podem ajudar nosso clã. Tenho maestria na Ofuscação e habilidades medianas em Animalismo e Potência. E consigo transitar de forma eficiente em eventos sociais diversos.

Sobre as notícias das noites da Europa, ela estava ciente:

-Conheço um pouco do que acontece nas cidades da União Européia, mas se for o caso, posso me aprofundar nesse assunto se for da vontade do clã.

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OFF: NarraDiva...desculpa a mudança de cores das falas. Como estou acostumado com o purple e ele fica muito escuro no fórum, estou tentando me acostumar com o verde e algumas vezes eu acabo esquecendo.

'- É importante que se aprofunde e que colecione segredos, Zarinah... segredos valem mais do que Euros para nosso Clã...' - diz o Primógeno que emenda em seguida:

'- A cidade promete viver noites agitadas... os Sangue Azul não vão tardar a inicia uma ofensiva contra nós, é com os segredos que colecionamos que iremos esmagá-los como uma barata...'

Nessa hora, Gaston pisa com raiva em uma barata que passava perto de seu pé.

Esse objetivo não era tão diferente do que Zarinah pretendia fazer na cidade. Estava em busca de noites mais agitadas do que coquetéis intermináveis na corte de Paris.

Abriria um sorriso quando Gaston pisa em uma barata, mas era impossível para Zarinah naquele momento. Ela guincha, o que era uma tentativa de rir e logo responde:

-Pois começarei a colecionar segredos para nosso clã e nosso Príncipe o mais rápido possível.

Imaginava quando seria apresentada à Quasímodo, apesar de estar amando a companhia de Gaston.

-Entrando em um assunto mais político...quem seriam os aliados de nossa casa? Digo...quais clãs?

'- No momento, Brujahs e Malkavianos... queremos atrair os Toreador... qual sua relação com esses clãs.' - indaga o Nosferatu.

-Costumo ter boas relações com os Toreador por interesse em artes diversas. Nunca tentei nenhuma aproximação com Brujahs e Malkavianos. Acredito que será uma oportunidade interessante para mim quanto aos aliados de nosso clã.

Para por alguns instantes e continua:

-Os Sangue Azul possuem aliados que sejam de conhecimento de nossa casa?

-Preocupante. Mas podemos estudar a situação para tentar virá-la a nosso favor.

Deixa escapar Zarinah.

-Acredito que as informações que me deu sobre o que deve ser feito já são suficientes para que eu comece as movimentações pela corte, Primógeno Leroux.

E meneia a cabeça em tom cordial ao irmão de clã.

-Não desejo tomar muito mais de seu tempo, mas gostaria de saber se possui um secretário ou secretária? Para caso esteja ocupado quando eu for procurá-lo.

'- Ainda não achei ninguém digno de tal cargo... quem sabe você não me surpreende...' - diz o Nosferatu.

Internamente Zarinah sorri com o comentário de Gaston, pois externamente era impossível. Via uma oportunidade à sua frente e não deixaria ela passar.

-Me dê o cargo que farei o impossível para surpreendê-lo, Primógeno Leroux.

Jogava com o Primógeno. Era do lema de que se você já tinha o não, tentar o sim não custava nada.

'- O Cargo será daquele que primeiro causar uma intriga entre um membro da Realeza e e um dos Feiticeiros.' - responde o Primógeno.

Zarinah nada responde diante das palavras de Gaston a respeito do cargo de secretário do clã. Querendo se aprofundar mais do que já conhecia sobre a cidade, ela resolve fazer mais uma pergunta:

-Existe alguma atividade da Espada de Caim aqui em Bruxelas?

Particularmente ela não tinha conhecimento do Sabá em Bruxelas.

'- Sim...' - comenta Gaston.


'- Eles preparam ataques e tem postos avançados nas periferias. Estamos monitorando.'

A Escondida se impressiona, mas sua face não muda devido às deformações. Não tinha noção de que a Espada de Caim teria alguma força além de ataques aleatórios e desordenados em Bruxelas.

-Entendo e confesso que isso me preocupa um pouco.

Mudando de assunto, ela continua:

-Podemos ir encontrar o príncipe?

Ela olha seu vestido todo sujo de merda e ri internamente, imaginando que aquele cheiro seria muito interessante no interior do Elísio. Os outros cainitas tentando encontrar de onde viria o cheiro enquanto ela usava a ofuscação para esconder sua aparência e toda aquela bosta. Com certeza se divertiria bastante.

'- Sim, já é hora... venha comigo, tenho um atalho para o Ellisium...' - comenta o Primógeno chamando a Nosferatu para segui-lo pelos corredores.

A Nosferatu segue seu Primógeno pelos corredores. Era de se imaginar que os Esgotos poderiam levar a todos os cantos da cidade de Bruxelas. Decorá-los seria uma das tarefas para a Escondida.